quarta-feira, 10 de junho de 2009

Toda expressão do pensamento pode ser avaliado em função do grau de contribuição positiva ou negativa a mais importante das atividades mentais, que é a prática da reflexão pessoal dos atos realizados em juízo honesto e solitário sobre seu verdadeiro significado. Este é o pressuposto que aparece estar presente na tomada de posição do Olavo diante de cada produção intelectual, seja aprovando ou reprovando.

A importância do conceito de Deus se justificaria como a projeção de uma entidade que estaria acima do interesse de quem se submetesse ao seu escrutínio perfeitamente justo e sábio, garantindo uma auto-avaliação imparcial. A importância do livre arbítrio é porque dá sentido ao conceito de responsabilidade pessoal, importante para a auto-avaliação.

Portanto, as idéias que negam o reduzem o valor livre arbítrio, que negam a existência de Deus, que sugerem a impossibilidade de fazer uma auto-avaliação imparcial, que negam a possibilidade de que os atos possam ser verdadeiramente valorados, estão em conflito com o pressuposto da filosofia do Olavo. Isso explica a posição favorável em relação às religiões tradicionais ao se considerar o modo como estas contribuem para manutenção desta prática.

A oposição ao mecanicismo é por causa do papel que este cumpre a favor do conceito de determinismo, o que anula a possibilidade do livre arbítrio. A anulação do livre arbítrio reduz a importância da responsabilidade pessoal na auto-avaliação.

A oposição às teorias que sugerem a impossibilidade do conhecimento, o relativismo radical e a toda idéia que impõe limites excessivos ao ato cognitivo, se justifica em função de que tais teorias implicariam em reduzir a importância da auto-avaliação, já que negaria a efetividade de se valorar os atos praticados.

A oposição da perspectiva racionalista da natureza se explica na medida em que o racionalismo matemático sugere a possibilidade de planejamento onisciente de toda sociedade humana, o que dispensaria a atividade mental do indivíduo em função da imposição coletiva orientada desde cima.

Portanto, se alguma idéia ou produção intelectual sugere implicações que comprometam essa atividade mental de auto-avaliação, é porque em última análise, possui uma motivação imoral que pode estar imanente em algum pressuposto oculto. Essa motivação imoral se manifestaria como um transtorno espiritual implícito que se revelaria sob forma de dissonâncias intelectuais, como a paralaxe cognitiva. As dificuldades teóricas pertinentes aos problemas de auto-referenciação, seriam na verdade, a projeção tendenciosa de uma filosofia comprometida em rejeitar a importância espiritual da auto-avaliação. 

A concepção aristotélica da cultura reforça o significado desta perspectiva. A relação entre os transtornos cognitivos e as perturbações espirituais inerentes a recusa de auto-avaliação, se harmoniza com os fundamentos da filosofia Aristóteles.

Partindo das lições filosóficas de seu pai médico, que erigiu uma teoria geral da doença em função da harmonia orgânica, Aristóteles aplicou a idéia de sanidade mental para identificar no critério de coerência e unidade orgânica, os parâmetros que definiriam uma patologia que seria o inconsciente profundo do sofismo.

É por esta razão que em muitas das análises filosóficas do Olavo, é feita uma correspondência entre as falhas cognitivas e a manifestação de uma patologia psicológica como conseqüência da violação de coerência e unidade orgânica.

Os registros pavlovianos dos efeitos da estimulação incoerente nos animais revelariam o grau de veracidade dos critérios de sanidade mental-filosófica baseados na harmonia orgânica das crenças.

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