trechos de Carpeaux
Alguém pode me dizer uma página e uma edição que contenham os trechos:
"Aristófanes tem um ideal ético. Isso lhe dá o direito de se referir ao mito, de modo que a relação entre mito e vida, base do estado ateniense, começa a desaparecer. Então a comédia assume a função abandonada. A comédia de Aristófanes é, do mesmo modo que a tragédia de Ésquilo, teatro religioso. É arte dionísica, daí os costumes fálicos."
"é quando a comédia abandona a louvação dos mitos e usa a 'liberdade de imprensa' até contra os deuses, escarnecendo implacavelmente as pobres divindades que não sabem defender a ordem dos "bons e velhos tempos" contra demagogos e dramaturgos. Os deuses de aristófanes são politiqueiros, demagogos e prostitutas, assim como seus representantes na terra. Pura farsa cósmica"
da História da Literatura Ocidental ?
"Aristófanes tem um ideal ético. Isso lhe dá o direito de se referir ao mito, de modo que a relação entre mito e vida, base do estado ateniense, começa a desaparecer. Então a comédia assume a função abandonada. A comédia de Aristófanes é, do mesmo modo que a tragédia de Ésquilo, teatro religioso. É arte dionísica, daí os costumes fálicos."
"é quando a comédia abandona a louvação dos mitos e usa a 'liberdade de imprensa' até contra os deuses, escarnecendo implacavelmente as pobres divindades que não sabem defender a ordem dos "bons e velhos tempos" contra demagogos e dramaturgos. Os deuses de aristófanes são politiqueiros, demagogos e prostitutas, assim como seus representantes na terra. Pura farsa cósmica"
da História da Literatura Ocidental ?
03/02/07
Hëlio
É do Volume número 1 da História da Literatura Ocidental. Certeza eu não tenho porque existe a possibilidade de 1 em um bilhão de que algum engraçadinho tenha forjado falsos livros de Carpeaux, colocado uma capa igualzinha a verdadeira e espalhado em sebos e bibliotecas justamente nos locais que eu consultaria.
Creio que está próximo a página 101, porque na página 71 ainda era o assunto sobre tragédia grega.
Pag 71
"O teatro grego é mais retórico e mais lirico do que o moderno. Os discursos extensos, que os gregos não se cansavam de ouvir, seriam insuportáveis para o expectador moderno, que prefere a ouvir discursos, ver e viver a ação.
O grego, ao que parece, frequentava o teatro para se deixar convencer pela justeza de uma causa, como se estivesse assistindo à audiência do tribunal ou à sessão da assembléia.
E os requintes de retórica, superiores em muito aos pobres recursos da eloqüência moderna, não bastaram para este fim, acrescentando-se por isso, aos argumentos de raciocínio, as emoções da poesia lirica, acompanhada como sempre de música, de modo que a representação de uma tragédia grega se assemelhou, por assim dizer, às nossas grandes óperas. Mas a ópera moderna é gênero privativo das altas classes da sociedade, enquanto a tragédia grega era instituição do Estado democrático, e a participação nela era u direito e um dever constitucionais.
Assim a tragédia grega era um discurso parlamentar na qual se debatia, lançando-se mão de todos os recursos para influenciar o público, um mito da religião do estado.
Considerando-se isto, as concorrências dos poetas, que apresentaram peças, perdem o caráter de competição esportiva: a vitória não cabia ao maior poeta ou a melhor poesia dramática, mas a peça que impressionava mais profundamente; quer dizer, à peça no qual o mito estava reinterpretado de tal maneira de que o público se convenceria de sua interpretação e - podemos acertar - por isso o Estado o aceitava. Com a representação solene a causa estava julgada e a lei votada."
Creio que está próximo a página 101, porque na página 71 ainda era o assunto sobre tragédia grega.
Pag 71
"O teatro grego é mais retórico e mais lirico do que o moderno. Os discursos extensos, que os gregos não se cansavam de ouvir, seriam insuportáveis para o expectador moderno, que prefere a ouvir discursos, ver e viver a ação.
O grego, ao que parece, frequentava o teatro para se deixar convencer pela justeza de uma causa, como se estivesse assistindo à audiência do tribunal ou à sessão da assembléia.
E os requintes de retórica, superiores em muito aos pobres recursos da eloqüência moderna, não bastaram para este fim, acrescentando-se por isso, aos argumentos de raciocínio, as emoções da poesia lirica, acompanhada como sempre de música, de modo que a representação de uma tragédia grega se assemelhou, por assim dizer, às nossas grandes óperas. Mas a ópera moderna é gênero privativo das altas classes da sociedade, enquanto a tragédia grega era instituição do Estado democrático, e a participação nela era u direito e um dever constitucionais.
Assim a tragédia grega era um discurso parlamentar na qual se debatia, lançando-se mão de todos os recursos para influenciar o público, um mito da religião do estado.
Considerando-se isto, as concorrências dos poetas, que apresentaram peças, perdem o caráter de competição esportiva: a vitória não cabia ao maior poeta ou a melhor poesia dramática, mas a peça que impressionava mais profundamente; quer dizer, à peça no qual o mito estava reinterpretado de tal maneira de que o público se convenceria de sua interpretação e - podemos acertar - por isso o Estado o aceitava. Com a representação solene a causa estava julgada e a lei votada."
03/02/07
Felipe
Os trechos mencionados são citações (ligeiramente alteradas) de um parágrafo da História da Literatura Ocidental de Carpeaux, 2a. ed. rev. e at., Alhambra, Rio de Janeiro, 1978, vol. I, pág. 59.
O parágrafo, em sua redação original, diz:
Aristófanes tem um ideal ético. Isso lhe dá o direito de referir-se ao mito. A tragédia já desistiu do seu direito de reinterpretar o mito, de modo que a relação entre o mito e a vida, base do Estado ateniense, começa a desaparecer. Então, a comédia assume a função abandonada. A comédia de Aristófanes é, do mesmo modo que a tragédia de Ésquilo, teatro religioso. É arte dionisíaca: daí os costumes fálicos, as máscaras de animais. Apenas, Aristófanes usa sua "liberdade de imprensa" até contra os deuses, escarnecendo implacavelmente as pobres divindades que não sabem defender a ordem dos "bons velhos tempos" contra demagogos e dramaturgos. Os deuses de Aristófanes são politiqueiros, demagogos e prostitutas, assim como os seus representantes na terra. Pura farsa cósmica. Nunca mais o mundo viu uma coisa dessas.
O parágrafo, em sua redação original, diz:
Aristófanes tem um ideal ético. Isso lhe dá o direito de referir-se ao mito. A tragédia já desistiu do seu direito de reinterpretar o mito, de modo que a relação entre o mito e a vida, base do Estado ateniense, começa a desaparecer. Então, a comédia assume a função abandonada. A comédia de Aristófanes é, do mesmo modo que a tragédia de Ésquilo, teatro religioso. É arte dionisíaca: daí os costumes fálicos, as máscaras de animais. Apenas, Aristófanes usa sua "liberdade de imprensa" até contra os deuses, escarnecendo implacavelmente as pobres divindades que não sabem defender a ordem dos "bons velhos tempos" contra demagogos e dramaturgos. Os deuses de Aristófanes são politiqueiros, demagogos e prostitutas, assim como os seus representantes na terra. Pura farsa cósmica. Nunca mais o mundo viu uma coisa dessas.
03/02/07
Ana V.
Ana V.
são os que eu tenho, mas edição do ano de 1980! não lembrava mesmo, nem desse "pura farsa cósmica"
são os que eu tenho, mas edição do ano de 1980! não lembrava mesmo, nem desse "pura farsa cósmica"
03/02/07
Hëlio
Muito obrigado.
As diferenças de texto se explicam possivelmente pelo fato de ser uma edição diferente e de eu a ter anotado com pressa. Neste edição acima mencionada, o trecho que atribui a página 71 deve ter outra página. Minha estimativa é que esteja próximo a página 20.
As diferenças de texto se explicam possivelmente pelo fato de ser uma edição diferente e de eu a ter anotado com pressa. Neste edição acima mencionada, o trecho que atribui a página 71 deve ter outra página. Minha estimativa é que esteja próximo a página 20.
03/02/07
Hëlio
Usei um exemplar da Biblioteca Regional de Copacabana, bem antigo. Eu tinha um exemplar de capa cinza, mas desapareceu.
03/02/07
Felipe
O trecho mencionado acima, acerca das funções e características do teatro grego, está na pág. 52 da edição de 1978.
06/02/07
Hëlio
Pena que só agora vi este post. Se alguém quiser ver aonde tais trechos foram usados, vejam:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=2195607&tid=2511643806116096599&na=2&nst=38
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=
6 mai
♪Letícia
Os intelectuais não têm a obrigação de transformar o mundo; o seu
dever é transfigurá-lo pela criação, a criação artística.
Otto Maria Carpeaux
[A cinza do purgatório]
dever é transfigurá-lo pela criação, a criação artística.
Otto Maria Carpeaux
[A cinza do purgatório]
12 mai
♪Letícia
Na origem da obra literária não está um acontecimento da vida do autor,
mas só a emoção, desatada por esse acontecimento; a obra é tanto mais
perfeita, quanto mais a emoção original está dominada, transformada em "forma".
Otto Maria Carpeaux
[A cinza do purgatório]
mas só a emoção, desatada por esse acontecimento; a obra é tanto mais
perfeita, quanto mais a emoção original está dominada, transformada em "forma".
Otto Maria Carpeaux
[A cinza do purgatório]
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